A malha ferroviária brasileira está ganhando novos contornos com o avanço da construção de um dos principais projetos de infraestrutura logística do país. A ferrovia que ligará Goiás ao Mato Grosso já conta com mais de um terço das obras concluídas, sinalizando mudanças profundas no escoamento da produção agrícola e na dinâmica de desenvolvimento regional.
A nova linha férrea, com 363 quilômetros de extensão entre Mara Rosa (GO) e Água Boa (MT), já alcançou 35% de execução física, conforme apontado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O projeto, batizado de Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO), faz parte de uma estratégia mais ampla de modernização do transporte de cargas, resultado da renovação antecipada da concessão da Estrada de Ferro Vitória a Minas, operada pela Vale.
Com um investimento total estimado em R$ 10,2 bilhões, a FICO está sendo construída em etapas simultâneas, mobilizando cerca de 240 quilômetros de frentes de trabalho. O objetivo é entregar a ferrovia até 2028, integrando regiões produtoras ao sistema ferroviário nacional e reduzindo a dependência do transporte rodoviário.
Impactos Econômicos e Ambientais
A implantação da FICO promete uma série de benefícios para o Centro-Oeste, região com forte vocação agrícola. A ferrovia deve impulsionar a competitividade do setor ao baratear custos logísticos e permitir maior fluidez no escoamento da produção de grãos, com impactos diretos em 11 municípios ao longo do traçado.
Além dos ganhos econômicos, o projeto contribui para uma matriz de transporte mais sustentável. Ao retirar caminhões das estradas, a ferrovia reduz a emissão de gases poluentes e colabora para a preservação ambiental — um ponto cada vez mais valorizado no comércio internacional.
Avanços Técnicos e Sociais
Até o momento, mais de R$ 4,2 bilhões já foram investidos na construção, com a realização de grandes volumes de movimentação de terra — incluindo 14 milhões de metros cúbicos de escavações e 9,2 milhões de metros cúbicos de aterros. A ANTT autorizou oficialmente 292 quilômetros da extensão total, e praticamente todas as sondagens do terreno já foram concluídas.
O projeto também tem avançado na regularização fundiária, com quase 230 disputas de terras solucionadas por meio de mutirões de conciliação. Paralelamente, foram emitidas 154 licenças ambientais e realizadas mais de 50 mil inspeções técnicas.
Futuro da Ferrovia no Brasil
Segundo o diretor-geral da ANTT, Guilherme Theo Sampaio, a FICO representa mais do que uma obra de infraestrutura: é um marco de uma nova mentalidade para o transporte ferroviário no Brasil. “Ela materializa o compromisso com o desenvolvimento sustentável, a integração regional e o avanço logístico que o país tanto precisa”, afirmou.
Apesar dos progressos, o projeto ainda enfrenta obstáculos como a necessidade de mais licenças ambientais e ajustes em trechos com interferências elétricas. No entanto, o trabalho conjunto entre ANTT, Infra S.A. e a empresa responsável pela execução tem garantido estabilidade no cronograma e segurança jurídica.
Enquanto os trilhos avançam, o Brasil dá passos firmes rumo a uma logística mais inteligente, eficiente e conectada com as demandas do século XXI.
Fonte: Redação

