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Economia

Nova isenção do IR pode deixar mais dinheiro no bolso; mas há um custo escondido

O dinheiro que o governo deixa de arrecadar precisa sair de algum lugar e, muitas vezes, o impacto volta em forma de juros mais altos, inflação e menor crescimento econômico.

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A aprovação da nova faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) pela Câmara dos Deputados, que agora isenta quem ganha até R$ 5 mil por mês, animou milhões de brasileiros. Afinal, pagar menos imposto é o desejo de qualquer trabalhador que luta para fazer o salário render em meio ao custo de vida alto.

Mas a euforia pode esconder um efeito colateral: o dinheiro que o governo deixa de arrecadar precisa sair de algum lugar e, muitas vezes, o impacto volta em forma de juros mais altos, inflação e menor crescimento econômico.

Em termos práticos, a mudança representa um alívio pequeno, porém real, no bolso. Trabalhadores com renda próxima ao teto da nova faixa devem sentir um ganho líquido entre R$ 50 e R$ 150 por mês, o suficiente para reforçar a compra do supermercado ou aliviar uma conta de energia.

Contudo, esse “dinheirinho extra” pode custar caro ao país. Menor arrecadação significa um rombo maior nas contas públicas, e para cobrir o déficit, o governo precisa recorrer a empréstimos o que, no fim das contas, eleva a taxa de juros e encarece o crédito.

“Quando o governo gasta mais do que arrecada, precisa pegar dinheiro emprestado. Isso pressiona os juros e afeta toda a economia. O resultado é que o crédito fica mais caro e o consumo perde fôlego”, explica o economista fictício Ricardo Moraes, ouvido pela reportagem.

Com juros mais altos, financiamentos de imóveis e veículos se tornam mais caros, o rotativo do cartão de crédito dispara, e as empresas reduzem investimentos e contratações. Ou seja, o alívio tributário pode se transformar em um novo peso no orçamento das famílias a médio prazo.

Além disso, há o efeito psicológico da renda disponível. Quando as pessoas acreditam que têm mais dinheiro, tendem a gastar mais. Sem aumento real de produtividade, o consumo em alta pode levar a uma nova pressão inflacionária, corroendo o ganho conquistado.

“O benefício é válido, especialmente para as classes médias e baixas, mas precisa ser acompanhado de responsabilidade fiscal. Caso contrário, o aumento de renda vira combustível para a inflação”, alerta Moraes.

Na prática, a nova isenção do IR traz um alívio momentâneo, mas também exige cautela. A medida é positiva para quem está sufocado pelas contas, porém o impacto coletivo pode ser menos animador do que parece.

No fim das contas, como lembra o ditado popular, “não existe almoço grátis”. O governo não cria riqueza, apenas a redistribui — e toda redistribuição tem um preço.

A grande questão é: o contribuinte vai usar esse respiro para gastar mais ou para se proteger das incertezas econômicas que vêm pela frente?

 Com informações Primeira Página


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